Gestão de fornecedores
Supplier Risk Management: veja como proteger a sua empresa
Em português, o termo Supplier Risk Management significa Gestão de Riscos de Fornecedores. Logo, se refere à adoção de medidas e boas práticas que têm por objetivo proteger uma empresa de potenciais ameaças que podem ser geradas ao contratar parceiros comerciais.
Ao assinar contrato com um fornecedor, a meta é garantir um bom fluxo de abastecimento para o negócio, que supra desde as necessidades mais básicas, como itens de escritório e de higiene, até as mais complexas, como softwares, maquinários e matérias-primas.
Sem uma cadeia de suprimentos confiável, a companhia fica suscetível a diversos problemas que vão além do desabastecimento, e incluem também questões socioambientais, de conformidade, jurídicas e, claro, financeiras.
A verdade é que não há outra forma de proteger uma empresa desses contratempos senão com uma gestão de riscos de fornecedores realmente completa e minuciosa.
Por isso, perguntamos: você sabe como fazer o gerenciamento? Sabe orientar o seu time de compras e procurement sobre o que avaliar na hora de contratar um parceiro comercial?
Se respondeu não alguma dessas questões, ou quer aprimorar o plano que já executa, siga a leitura e confira, neste guia completo, o que é Supplier Risk Management e como implementar o programa no seu negócio.
O que é Supplier Risk Management?
Supplier Risk Management (SRM) é o nome dado ao processo de identificar, mensurar, avaliar e buscar formas de mitigar os riscos relacionados à contratação de fornecedores. Os principais objetivos da prática são proteger a cadeia de suprimentos e a empresa de maneira geral.
Por que usamos a expressão "a empresa de maneira geral"? Porque problemas com fornecedores não se limitam a questões como entregas fora do prazo ou baixa qualidade dos insumos e serviços.
Na prática, as ameaças vão além, e é preciso olhar para todos os possíveis cenários antes de assinar o contrato.
Exemplo de riscos de fornecedores
Para ficar mais fácil entender o conceito, imagine uma fábrica de móveis que precisa de madeira para produzir as peças vendidas aos consumidores finais.
O time de compras e procurement inicia a busca por um fornecedor, e encontra um que trabalha com um bom preço e prazo de entrega adequado. Porém, não verifica outras questões e, simplesmente, fecha o contrato.
O fluxo de abastecimento é cumprido e a matéria-prima entregue tem ótima qualidade. Entretanto, algum tempo depois, sua empresa recebe uma notificação por comprar madeira extraída ilegalmente.
Na verdade, o fornecedor contratado trabalhava de maneira ilegal, e como não houve uma avaliação prévia, a equipe de compras e procurement não identificou esse risco.
Já dá para imaginar a consequência de uma falha como esta, não? Desabastecimento, interrupção da linha de produção, perdas financeiras e problemas jurídicos são algumas — e isso se pensarmos em um cenário não tão ruim para a empresa contratante.
Justamente para evitar transtornos como esses, realizar um processo de Supplier Risk Management é tão importante.
Dica de leitura: "Como encontrar fornecedores para sua empresa? 7 dicas infalíveis!"
Qual a importância da Supplier Risk Management?
É possível explicar a importância da Supplier Risk Management para o crescimento e sucesso de um negócio com as vantagens que a prática gera. E as que mais se destacam, são:
garantia de continuidade das operações;
aumento da qualidade do que se produz;
redução de custos e de perdas financeiras;
proteção à imagem e reputação da marca;
cumprimento de leis e normas;
melhora no relacionamento com os stakeholders;
diminuição de perdas financeiras.
Veja os detalhes de cada um desses benefícios.
1. Garantia de continuidade das operações
Um programa de Supplier Risk Management ajuda a prevenir interrupções na cadeia de suprimentos, porque entrega uma análise precisa de como os fornecedores trabalham e o quanto suas formas de atuação podem resultar em desabastecimento.
O SRM também contribui para a projeção de cenários, ao dar aos gestores de compras e seus times tempo para decidirem o que fazer, caso o fornecimento seja interrompido.
Isso é importante porque, muitas vezes, a empresa lida com um fornecedor monopolista (que vende produtos exclusivos e não tem concorrentes), ou um especial (que atende demandas pontuais e raras).
Nesses casos, é essencial avaliar se vale a pena assumir o risco e, caso seja, qual plano de ação executar para mitigar prejuízos.
Entenda mais sobre o assunto no artigo: "Quais são os tipos de fornecedores? Conheça a classificação!"
2. Aumento da qualidade do que é produzido
A qualidade do que se compra dos fornecedores reflete diretamente na qualidade dos produtos/serviços finais vendidos pela empresa contratante.
Por meio da gestão de riscos, é possível identificar, previamente, se a questão pode se tornar um problema com o passar do tempo.
Aqui, vale destacar que um programa de SRM não deve ser executado apenas na etapa de homologação de fornecedores. O ideal é a prática ser contínua, com o monitoramento do desempenho do parceiro comercial durante toda a vigência do contrato.
Dessa forma, é possível verificar se a qualidade entrega no início da parceria se mantém ao longo do relacionamento comercial. Se não se mantiver, há a chance de resolver a questão antes de gerar impactos maiores para a empresa.
3. Redução de custos e de perdas financeira
Quando uma ameaça se torna realidade, geralmente, traz junto prejuízos financeiros.
Para entender melhor, basta imaginar o quanto a interrupção no fluxo de abastecimento pode ser prejudicial para o seu negócio, ou o gasto que teria se sua empresa for citada como conivente a uma prática ilegal de um dos fornecedores.
Por outro lado, se antecipar aos problemas é uma maneira de reduzir gastos, pois é possível definir ações para não perder vendas, evitar o pagamento de multas e, até mesmo, custas judiciais, em situações mais extremas.
4. Proteção à imagem e reputação da marca
No exemplo que demos logo na abertura deste artigo, o fornecedor descumpre uma lei ambiental e a empresa abastecida sofre as consequências.
Esse é um tipo de uma situação que afeta a imagem e a reputação de quem contrata, e gera problemas com clientes, investidores, outros parceiros comerciais e com a sociedade de modo geral.
Um programa de SRM impede que o negócio seja relacionado a diversas práticas ilegais realizadas pelos fornecedores, como contratação de mão de obra infantil, trabalho escravo, descumprimento de leis trabalhistas, entre outras.
Dica de leitura: "Crimes de direitos humanos de fornecedores: é possível combater?"
5. Cumprimento de leis e normas
Não basta os gestores se preocuparem em manter a empresa em compliance. É extremamente importante que todos os agentes relacionados ao negócio sigam o mesmo princípio. Quando isso não acontece, o resultado são problemas como os que acabamos de exemplificar.
6. Melhora no relacionamento com os stakeholders
Tanto a proteção da imagem e reputação da marca quanto o cumprimento de leis e normas mudam a maneira como os stakeholders enxergam e se relacionam com a empresa.
Para você ter uma ideia melhor, uma pesquisa da OLX, feita em parceria com a MindMiners, revelou que 88% dos entrevistados dão preferência para marcas sustentáveis na hora de comprar.
Outros 49% afirmam que já deixaram de adquirir itens de marcas por considerarem que não apoiavam a sustentabilidade.
Porém, não basta as companhias adotarem estas práticas, é preciso apresentar também os resultados das ações para comprovar a eficácia dos planos — o que pode incluir a apresentação da lista de fornecedores.
Como exemplo disso, citamos a Zara, rede de roupas e acessórios que, de acordo com esta matéria do site Exame, está sendo pressionada pelos investidores.
Eles exigem mais transparência na comprovação de que não há trabalho forçado em suas cadeias de fornecimento, e que os profissionais dessa base recebem remunerações adequadas para as funções desempenhadas.
O que queremos dizer é que se a sua empresa realiza uma gestão de riscos de fornecedores eficiente, melhora o relacionamento com os stakeholders, pois a prática ajuda a atender as expectativas dos agentes e garantir transparência de todo seu fluxo produtivo.
Quais tipos de riscos de fornecedores existem?
São vários os tipos de riscos de fornecedores. As ameaças tendem a variar conforme o ramo de atividade da empresa, o volume de abastecimento, o grupo de matérias-primas, os insumos ou serviços contratados, entre outros critérios.
Porém, em linhas gerais, os mais comuns são:
riscos de compliance;
riscos financeiros;
riscos de responsabilidade social e ESG;
riscos operacionais;
riscos de qualidade;
riscos cibernéticos;
riscos de corrupção;
riscos reputacionais.
Confira os reflexos e os impactos de cada uma dessas ameaças.
Riscos de compliance
Trata de todas as ameaças relacionadas ao descumprimento de leis, normas e regulamentações.
No caso, a empresa fornecedora coloca a contratante sob ameaça de autuações, pagamento de multas, sanções legais e, em situações mais extremas, processos aplicados pelos órgãos fiscalizadores.
Alguns exemplos são desatendimento de leis do trabalho, de diretrizes ambientais, questões tributárias, códigos de ética, entre outros.
Sobre esse assunto, temos um artigo que pode te ajudar. Não deixe de ler: "Programa de compliance: como implementar? Aprenda em 8 passos!"
Riscos financeiros
Os riscos financeiros englobam todas as situações que geram prejuízos monetários para o negócio que contrata o fornecedor.
Empresas fornecedoras com a saúde financeira comprometida têm dificuldades de arcar com as contas, dívidas e despesas assumidas. Com isso, deixa de pagar funcionários, impostos, ou mesmo parceiros de negócio essenciais para suas atividades.
De acordo com o nível de inadimplência, o fornecedor pode ter a rotina de trabalho interrompida e, em casos mais graves, chegar à falência.
Em ambos os casos, os contratantes são prejudicados, pois não recebem os produtos e/ou serviços comprados.
Riscos de responsabilidade social e ESG
Comentamos há pouco que os clientes, cada dia mais, preferem comprar de empresas comprometidas com a sustentabilidade.
Isso porque a adoção do conceito ESG é bem-vista por clientes, investidores e pela comunidade no geral, e essa percepção destaca positivamente a marca e ajuda no seu crescimento.
Entretanto, como também já explicamos, não basta a empresa se preocupar com questões socioambientais, de governança e responsabilidade social se os fornecedores não trabalharem da mesma forma.
Quando os parceiros atuam de maneira contrária às boas práticas, quem contrata pode ser apontado como conivente às práticas ilegais, e sofrer as consequências, como comprometimento da imagem, perda de espaço no mercado de atuação e prejuízos financeiros decorrentes de penalidades legais.
Extra! Nós ajudamos você e seu time a analisar os riscos dos indicadores ambientais dos fornecedores. Leia este artigo e descubra como! "Linkana ESG Rating: o que é e como funciona essa ferramenta"
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Riscos operacionais
Por riscos operacionais, entenda problemas causados pelos fornecedores relacionados a:
atrasos nas entregas;
baixa qualidade dos insumos/serviços;
questão logísticas;
quebra de equipamentos e maquinários;
paralisação dos funcionários, entre outros.
Todos esses entraves afetam o abastecimento e, consequentemente, o fluxo produtivo de quem contratou a empresa fornecedora.
Riscos de qualidade
Matéria-prima, insumos e/ou serviços com baixa qualidade refletem diretamente no que é entregue ao cliente final. E esse é mais um dos riscos gerados pelos fornecedores, caso não sejam submetidos a um programa de Supplier Risk Management.
Por isso, na hora de escolher o parceiro, é fundamental não se atentar apenas ao preço e aos prazos de entregas, mas, também, se ele oferece o nível de qualidade que sua empresa precisa.
A ideia, portanto, é encontrar um ponto de equilíbrio entre custo, qualidade e garantia de abastecimento na quantidade, prazo e qualidade necessária.
Riscos cibernéticos
Assim como sua empresa precisa proteger os dados internos e dos clientes, os fornecedores também têm essa responsabilidade.
O compromisso chama a atenção para o risco cibernético que os parceiros podem causar. É fundamental garantirem o uso correto dos dados e informações, e a proteção contra invasões digitais, vazamento e perdas.
Uma forma de constatar se tomam esses cuidados é verificar quais são as medidas que o fornecedor usa para atender ao determinado pela LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados.
Riscos de corrupção
A corrupção de fornecedores se define com práticas ilegais cometidas por esses profissionais, com o objetivo de oferecer ou receber alguma vantagem ilícita, na maioria das vezes, relacionada a dinheiro.
Um exemplo é o pagamento de propina para aprovação em processos de licitação, ou desvio de valores de notas fiscais.
Criação de códigos de condutas e a realização de um processo de due diligence de fornecedores apurado ajudam a mitigar esse tipo de risco.
Riscos reputacionais
São todas as ações e comportamentos que afetam negativamente a imagem de uma empresa. A reputação de uma marca está sujeita ao impacto de atitudes como:
discrimição de funcionários, clientes e parceiros de negócio;
desrespeito aos direitos humanos;
participação comprovada em fraudes e crimes, entre outras.
Como gerenciar riscos de fornecedores? 10 boas práticas
Percebeu quanto a Supplier Risk Management é importante e necessária, para proteger a sua empresa? Então, é bem provável que pense em como melhorar esse gerenciamento no seu negócio, acertamos?
Para ajudar você, conheça as melhores práticas para gestão de riscos de fornecedores que valem a pena adotar:
liste os riscos característicos da sua companhia, e considere fatores como porte, ramo de atividade e volume de compras;
avalie quanto a contratação de fornecedores pode potencializar essas ameaças, e defina planos para mitigá-las;
defina quais informações precisam de coleta para mensurar o nível de risco dos parceiros comerciais;
aplique questionários às empresas fornecedoras que pretende contratar, a fim de entender melhor o funcionamento e a rotina dos possíveis parceiros;
analise documentos, desde os padrões como cartão do CNPJ, certidões públicas como de regularidade do FGTS, até certificados específicos do segmento, a exemplo dos ambientais;
separe os fornecedores de acordo com o grau de risco que oferecem — isso deixa a escolha entre assumir as ameaças, ou não, mais fácil;
use sistemas que automatizam a homologação de fornecedores e tornam a análise de documentações e cadastros mais rápida e precisa, como o SRM da Linkana;
faça o monitoramento contínuo das empresas fornecedoras contratadas, a fim de garantir que novos riscos surjam no decorrer da validade do contrato;
tenha uma definição clara de quais medidas de enfrentamento devem ser colocadas em prática em situações de não conformidade;
capacite adequadamente os profissionais de compras e procurement, para saberem exatamente o que avaliar para aprovar ou não um fornecedor, e como agir caso haja a identificação de um risco.
Dica! Não deixe de assistir a este vídeo, e descubra como a Linkana mitigou riscos de fornecimento no agronegócio com a contratação pela Amaggi
Como implementar um programa de Supplier Risk Management?
O gerenciamento de risco preciso também requer a implementação de um programa de Supplier Risk Management.
Abaixo, listamos as principais etapas para a construção da estratégia. Lembre-se apenas de ajustá-las conforme o perfil do seu negócio.
defina os objetivos do programa de SRM: por exemplo, diminuir interrupções no fluxo de abastecimento ou garantir a conformidade da empresa;
monte uma equipe multidisciplinar: inclua profissionais de compras e procurement, mas também do departamento jurídico, financeiro, logística, entre outros;
envolva a alta direção nos processos: deixe claros os motivos da adoção desse programa e quanto pode ser benéfico para a empresa — se possível, apresente dados;
crie políticas internas: a exemplo de um código de conduta e ética que os fornecedores devem seguir;
adote ferramentas para mensurar as ameaças: como uma matriz de risco de fornecedores;
determine os parâmetros de análise: relacione quais critérios as empresas fornecedoras devem atender, o nível de criticidade e aprovação, entre outros relacionados;
elabore planos de contingência e teste-os: para serem prontamente executados caso algum risco venha à tona;
treine e capacite todos os envolvidos: tanto da área de compras quanto dos outros departamentos que, de alguma forma, se relacionam com os fornecedores;
revise todos os passos periodicamente: para garantir atualização de leis e a melhoria contínua da empresa.
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