Economia circular: qual a relação com compras sustentáveis?

A economia circular é um modelo produtivo que objetiva eliminar o desperdício ao manter produtos, materiais e recursos em uso pelo máximo de tempo possível. A abordagem substitui o consumo linear por práticas sustentáveis, como reutilização e reciclagem.

Uma empresa do ramo de cosméticos, com um programa para receber dos clientes embalagens vazias para reutilizar o material na produção de outros frascos, é um bom exemplo desse conceito. 

Outro seria uma fábrica de móveis que usa sobras de madeira para criar novos produtos, como tábuas de corte para carne e prateleiras. Nada é desperdiçado, e todo o material ganha nova função.

No que se refere às compras sustentáveis, a economia circular oferece uma base sólida para decisões de aquisições conscientes. Esse modelo incentiva a escolha de produtos duráveis, recicláveis e produzidos com responsabilidade ambiental. 

Ao priorizar fornecedores que adotam práticas de sustentabilidade, como reutilização de materiais e logística reversa, as empresas contratantes ajudam a reduzir o impacto ambiental e a construir uma supply chain mais ética.

Entenda o que é economia circular, como funciona, quais são os pilares, e por quais motivos trabalhar com parceiros de abastecimento que atuam sob o conceito ESG é tão importante para o sucesso de seu negócio.

O que é economia circular? 

A economia circular é uma abordagem sustentável que objetiva reduzir a extração de recursos naturais ao reaproveitar tudo o que as empresas já produziram. Esse modelo transforma resíduos e sobras em matéria-prima novamente, e gera valor contínuo para companhias, sociedade e meio ambiente.

Adotar esse conceito é benéfico porque traz resultados, como:

• redução do volume de resíduos: decorrente do reaproveitamento de materiais e da extensão da vida útil dos produtos;

• preservação dos recursos naturais: ao reutilizar e reciclar há menos extração de matérias-primas, o que protege ecossistemas e a biodiversidade;

• eficiência econômica: pois há menos custos ao otimizar recursos, diminuir desperdícios e criar novos fluxos de receita com materiais reaproveitados;

• inovação constante: a busca por soluções circulares estimula o desenvolvimento de novos processos, produtos e modelos de negócio mais sustentáveis:

• fortalecimento da reputação: companhias que adotam práticas circulares se destacam no mercado, conquistam consumidores conscientes e atraem investidores.

Sobre esse último benefício, uma pesquisa da PwC revelou que, entre os investidores brasileiros, a apresentação dos resultados de práticas ESG está entre os principais critérios para tomadas de decisão de investimento. 

Para 54%, o mais importante é a comprovação de governança corporativa eficaz. Já 53% consideram a segurança e privacidade de dados  e 41% a redução das emissões de gases de efeito estufa.

O estudo da Nexus — Pesquisa e Inteligência de Dados, destacou que os consumidores brasileiros rejeitam marcas que ignoram práticas ESG, tanto que 26% têm uma imagem negativa dessas empresas. Além disso, 13% esperam boas práticas de governança, 8% ações voltadas para questões sociais, e 5% para aspectos ambientais.

Aproveite e leia também: “O que é logística sustentável e qual a importância?”

Os pilares da economia circular 

Estes são os cinco pilares da economia circular: 

1. Design circular;

2. Otimização do uso de recursos;

3. Extensão do ciclo de vida dos produtos;

4. Reutilização e reciclagem;

5. Modelos de negócio regenerativos.

Entenda!

1. Design circular

O design circular consiste em considerar a sustentabilidade desde o início do ciclo de vida do produto. 

Esse conceito prevê, por exemplo, o uso de materiais recicláveis, a facilidade de conserto e a reutilização de componentes. Trata-se de um pilar essencial para evitar o desperdício antes mesmo da produção começar.

2. Otimização do uso de recursos

Esse pilar prioriza o uso eficiente de energia, água e matérias-primas. Em vez de explorar novos recursos, o modelo circular valoriza o reaproveitamento e a maximização do que já está em circulação para reduzir impactos ambientais e custos produtivos.

3. Extensão do ciclo de vida dos produtos

A economia circular defende o reparo, a manutenção e a atualização de bens para permanecerem úteis por mais tempo. Ao evitar o descarte prematuro, esse pilar diminui a pressão sobre os recursos naturais e a geração de resíduos.

4. Reutilização e reciclagem

Produtos, peças e materiais devem retornar ao ciclo produtivo sempre que possível. Reutilizar e reciclar evita o envio de sobras para aterros e permite a continuidade da circulação dos recursos de forma produtiva e aproveitável.

5. Modelos de negócio regenerativos

Esse pilar engloba soluções que restauram e regeneram os sistemas naturais. Empresas podem adotar práticas, como agricultura regenerativa, produção com energia limpa e iniciativas de reflorestamento, para criar mais valor enquanto reparam os danos ambientais que seu fluxo produtivo causou.

Como funciona a economia circular? 

Entender como funciona a economia circular é o primeiro passo para implementá-la na sua empresa. Esse modelo propõe um ciclo contínuo de uso dos recursos, no qual cada etapa — do design ao descarte — prioriza a redução de resíduos, o reaproveitamento de materiais e a regeneração dos sistemas naturais. 

Em vez de extrair, produzir e descartar, a economia circular conecta os processos de produção, consumo, reutilização e reciclagem, e cria um sistema que gera valor econômico e ambiental em longo prazo.

Dica de leitura: “Sustentabilidade na cadeia de suprimentos: como implementar?”

A importância da economia circular na sustentabilidade e ESG 

A economia circular reforça os pilares da sustentabilidade ao transformar a maneira como empresas produzem, consomem e descartam recursos.

No que se refere aos critérios ESG (Environmental, Social and Governance), esse modelo se alinha especialmente ao pilar ambiental, ao minimizar emissões de poluentes, evitar o desperdício de insumos e matérias-primas e preservar os recursos naturais. 

No aspecto social, incentiva práticas de produção justa, geração de empregos verdes e inclusão das comunidades nas cadeias produtivas sustentáveis. 

Já no critério governança, adotar um modelo circular demonstra comprometimento com a transparência, a gestão de riscos e a inovação responsável.

Gestores que incorporam a economia circular em suas empresas mostram que a marca tem responsabilidade social e ambiental, e que posicionam a sustentabilidade no centro das suas operações. 

Como resultado, fortalecem sua reputação da companhia e atraem clientes, investidores e parceiros de negócios que priorizam critérios ESG em suas escolhas.