Gestão de Fornecedores

Supply Chain Finance: quais as vantagens para a sua empresa?

Escrito por Leo Cavalcanti

Escrito por Leo Cavalcanti

Escrito por Leo Cavalcanti

18 de julho de 2024

18 de julho de 2024

18 de julho de 2024

O Supply Chain Finance — Financiamento da Cadeia de Suprimentos, em português — pode ser definido como um conjunto de processos, atividades e práticas que têm por objetivo melhorar a relação financeira entre empresa fornecedora e empresa compradora, mitigando riscos para ambos os lados.

Essa dinâmica administrativa foca no aprimoramento da gestão do fluxo financeiro entre os envolvidos nessa parceria comercial.

Para entender melhor, pense da seguinte forma: enquanto quem fornece quer receber rapidamente o pagamento pelos serviços e/ou insumos entregues, quem compra espera prazos maiores, ou condições mais favoráveis para quitar esses valores.

Todavia, os dois buscam um mesmo cenário: melhorar o fluxo de caixa de seus negócios e manter a empresa saudável financeiramente, certo?

O SCF, como também se chama, é uma forma de chegar a esse equilíbrio e de gerar resultados monetários melhores para empresas contratantes e fornecedores.

Achou interessante e quer entender, em detalhes, como essa prática funciona? Basta seguir a leitura deste artigo.

O que é Supply Chain Finance?

Supply Chain Finance (SCF), que em português significa Financiamento da Cadeia de Suprimentos, consiste em um conjunto de soluções e práticas cujo objetivo é promover a sustentabilidade financeira da relação entre uma empresa compradora e os negócios que compõem a sua rede de abastecimento de suprimentos. 

Segundo um estudo que a PwC realizou em parceria com a Supply Chain Finance Community, as soluções de SCF mais implementadas são Reverse Factoring (RV) e a Dynamic Discounting (DD).

Essas duas soluções otimizam um aspecto importante da relação entre o comprador e seus fornecedores: o prazo de pagamento. 

Cada lado busca condições de otimizar seu fluxo de caixa, no qual o comprador quer estender o prazo para pagamento e o fornecedor quer receber o quanto antes por pedidos ou serviços realizados. Ao longo deste artigo, detalharemos melhor como cada solução funciona.

Como exemplo de Supply Chain Finance, podemos citar a Vale, companhia que criou um programa chamado Inove Capital para o desenvolvimento de fornecedores e incentivo ao conteúdo local. Esse sistema inclui, entre outros serviços, a possibilidade de antecipação de recebíveis de bens e serviços executados. 

Outras aplicações do Supply Chain Finance

Além do objetivo principal, o SCF desenvolve e fideliza fornecedores estratégicos. 

Para as empresas que investem em um plano de mitigação de riscos, o SCF oferece a possibilidade de diminuir a ameaça de quebra no fornecimento de bens e serviços por dificuldades de capital de giro. Essa redução de risco operacional tem um impacto especialmente positivo na indústria.

O Supply Chain Finance também pode ser usado como ferramenta para incentivar fornecedores a adotarem práticas mais alinhadas com preocupações do índice ESG (environmental, social, and corporate governance) da empresa. 

Um exemplo é a Nestlè, que incluiu no seu programa global de SCF incentivos financeiros para fornecedores que adotassem altos padrões de ESG, resultando em uma redução de custo financeiro de 25% a 30% para os fornecedores participantes.

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Como funciona o Supply Chain Finance?

Comumente, o Supply Chain Finance funciona por meio de acordos com terceiros, tais como bancos e instituições financeiras, que facilitam a operação financeira entre a empresa compradora e a fornecedora.

A companhia contratante também pode utilizar recursos próprios como base para realizar o Financiamento da Cadeia de Suprimentos diretamente com o fornecedor.

Usando como exemplo de Supply Chain Finance um fluxo que utiliza um banco como intermediário, as etapas seriam mais ou menos desta forma:

  • a companhia que precisa de abastecimento envia o pedido de compra ao fornecedor escolhido;

  • esse, por sua vez, envia a fatura ou nota fiscal para pagamento, tanto para o comprador quanto para a instituição financeira;

  • o banco avalia a documentação e os riscos da operação, e adianta o valor do pagamento ao fornecedor, por meio do pagamento de uma taxa pela realização da operação;

  • na data acordada, a empresa contratante paga o valor ao banco, já que essa entidade já realizou o pagamento antecipadamente para a companhia fornecedora.

Aproveite e leia também: "Automação no controle de gastos: adote a partir de 5 passos!"

Quais as vantagens do Supply Chain Finance?

O SCF oferece diversas vantagens, tanto para compradores quanto para fornecedores. Veja as principais para cada uma dessas partes.

Para a empresa compradora

  • prazos de pagamento estendidos: melhorando o fluxo de caixa e a gestão de capital de giro;

  • aumento do poder de negociação com os fornecedores: sem comprometer qualidade ou fluxo de entrega;

  • aprimoramento do relacionamento esses parceiros comerciais: que têm garantia de recebimento de valores no vencimento estipulado;

  • diminuição de riscos: a exemplo de ruptura de estoque ou desabastecimento.

Para a empresa fornecedora

  • redução do risco de inadimplência: condição que protege e mantém a saúde financeira do negócio;

  • possibilidade de receber os pagamentos em menos tempo: principalmente quando o fluxo do SCF tem uma instituição financeira como intermediária;

  • melhora na previsibilidade financeira: pelo mesmo motivo anterior;

  • aprimoramento do fluxo de caixa: ajudam a garantir o cumprimento dos próprios compromissos financeiros.

Apesar de todos esses pontos positivos, as soluções de Supply Chain Finance ainda são pouco adotadas, mas se apresentam como uma ótima ferramenta para promover a sustentabilidade da cadeia de suprimentos. 

Em países em desenvolvimento, como o Brasil, o acesso a crédito é escasso e caro — e isso reflete em maiores riscos de quebra no fornecimento e custos financeiros mais elevados, que afetam negativamente o custo de toda a cadeia de suprimentos.

Ter uma postura proativa em desenvolver e auxiliar sua cadeia de suprimentos pode ser a opção ideal para gerar uma redução de custos e riscos operacionais, além de incentivar uma maior produtividade no longo prazo.

Dica de leitura: "Análise de estabilidade financeira de fornecedores: como realizar?"

Como funciona o Reverse Factoring?

Fornecedores costumam resolver seus problemas de fluxo de caixa usando serviços financeiros tradicionais como antecipação de recebíveis. Esses serviços são oferecidos por bancos e outras instituições financeiras autorizadas como as factorings. 

Essa operação excluio comprador e, geralmente, tem um custo elevado, já que o risco de crédito é o do fornecedor.

Nesse cenário, há pouca visibilidade da saúde financeira do fornecedor, e os riscos de ter problemas na entrega do pedido ou prestação do serviço são elevados. 

Ademais, é gerado um maior custo financeiro para o fornecedor, que acaba sendo embutido no preço repassado para o comprador.

Uma alternativa a esse cenário tradicional é a implementação do Reverse Factoring. Essa iniciativa, comumente, é implementada por empresas de grande porte com boa avaliação de crédito. 

Como funciona o Reverse Factoring?

Nessa solução, três partes estão envolvidas: o comprador, o fornecedor e uma ou mais instituições financeiras parceiras. E em uma operação típica de RV, é realizado o seguinte fluxo:

  1. fornecedor entrega um pedido ou realiza um serviço;

  2. comprador sinaliza que fatura com recebimento futuro pode ser antecipada pelo fornecedor;

  3. fornecedor solicita antecipação com desconto;

  4. instituição financeira efetua o pagamento ao fornecedor;

  5. no prazo acordado entre comprador e instituição financeira, o valor da fatura é pago pelo comprador à instituição financeira.

Vale a pena ressaltar que a antecipação gera um desconto no valor total da fatura, mas esse tende a ser menor do que o Factoring tradicional. Isso se dá porque o risco de crédito dessa operação passa a ser o do comprador, já que ele é o responsável pelo pagamento do da quantia devida à instituição financeira, e não o fornecedor.

Outro ponto interessante é que o prazo de pagamento pode ser estendido mediante acordo entre comprador e instituição financeira

Por exemplo, um comprador pode negociar com a instituição financeira que faturas antecipadas terão 30 dias adicionais para serem pagas.

Com Reverse Factoring, todas as partes envolvidas são beneficiadas. Enquanto o fornecedor antecipa seus recebíveis com taxas mais vantajosas, o comprador consegue estender o prazo de pagamento e a instituição financeira executa uma operação financeira com baixo risco de inadimplência.

Como funciona o Dynamic Discounting?

Caso o comprador tenha caixa disponível para operacionalizar essa antecipação de recebíveis e queira maximizar a redução de custos, pode optar por implementar Dynamic Discounting. 

Nesse tipo de solução, o comprador seleciona quais recebíveis permite antecipação e, em contrapartida, recebe um desconto predeterminado no valor da fatura para cada dia antecipado. 

O fluxo dessa operação seria o seguinte:

  • o fornecedor fatura o pedido ou serviço prestado;

  • o comprador cadastra a fatura como elegível com os termos de desconto por antecipação;

  • o fornecedor solicita a antecipação com desconto de uma fatura;

  • o comprador efetua o pagamento com desconto ao fornecedor.

Nesse caso, o fornecedor tem a opção de antecipar seus recebíveis diretamente do fornecedor com um desconto pré-acordado sem a participação de terceiros e com um custo, geralmente, menor que as alternativas tradicionais.

No vídeo abaixo, é explicado em mais detalhes, e de forma didática, o que é Dynamic Discounting. Apesar de estar em inglês, é possível ativar as legendas em português para facilitar a compreensão:

https://www.youtube.com/watch?v=RfNj_FlfdbQ 

Principais desafios de Supply Chain Finance

Um dos aspectos mais desafiadores de implementação das soluções mais populares de Supply Chain Finance é a operacionalização dessas transações

O esforço necessário para executar essas soluções internamente, sem ajuda de ferramentas apropriadas, é elevado e, muitas vezes, impeditivo.

Visando resolver esse problema e viabilizar a implementação de soluções de SCF, algumas fintechs surgiram nos últimos anos. 

Geralmente focadas em Reverse Factoring, essas startups de tecnologias financeiras ficam responsáveis pela operacionalização e pagamento dos recebíveis antecipados pelo fornecedor, fazendo com que o comprador só precise indicar na plataforma quais faturas autoriza que o fornecedor antecipe.

Porém, antes mesmo de se preocupar com a antecipação de faturas, é importante garantir que os fornecedores com os quais optou por fechar parcerias, estão dispostos a criar uma relação de sucesso e confiança.

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Veja este vídeo com Leo Cavalcanti, CEO e cofundador da Linkana, o que é um SRM e entenda melhor como essa ferramenta funciona.

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