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Nearshoring e friendshoring são práticas que se tornaram estratégias centrais para empresas que desejam cadeias de suprimentos mais ágeis, previsíveis e menos expostas a choques externos. Segundo o MDIC, as exportações brasileiras somaram US$ 227,6 bilhões de janeiro a agosto de 2025, batendo recorde histórico para o período.
Esse resultado mostra como o país está cada vez mais inserido em cadeias globais de valor, abrindo espaço para novas abordagens.
E também temos que levar em conta que em um cenário marcado por tensões comerciais e barreiras logísticas, essas estratégias ajudam a responder à instabilidade dos mercados. Não à toa, empresas ao redor do mundo estão redesenhando suas redes para aproximar produção dos mercados consumidores e priorizar países politicamente alinhados.
Ficou interessado? Pois sabia que, neste guia, você vai entender o que são nearshoring e friendshoring, quando usar cada estratégia ou combiná-las com reshoring, e quais métricas acompanhar para capturar ganhos em custo, lead time, ESG e resiliência.
O que são nearshoring, friendshoring e reshoring ?
Nearshoring é o ato de transferir operações para países próximos ao mercado consumidor, encurtando o lead time, reduzindo custos logísticos e aumentando o controle da cadeia. Já o friendshoring prioriza fornecedores e destinos em países politicamente alinhados, diminuindo a exposição a sanções, conflitos e mudanças regulatórias inesperadas.
Na prática, essas duas abordagens funcionam como alavancas complementares para redesenhar a base de fornecimento, equilibrando risco, custo e velocidade de resposta.
Enquanto o isso, o reshoring internaliza etapas produtivas no país de origem quando automação e incentivos locais melhoram o TCO.
Aproveite e confira: Lead time de compras: qual a importância e como calcular?
Quando usar cada abordageme combinar com reshoring?
A escolha é uma decisão de portfólio guiada por risco, velocidade, custo e contexto regulatório. Em geral, um bom desenho combina as três abordagens em graus diferentes por categoria e etapa do processo.
Nearshoring é preferível quando lead time e custos logísticos pesam mais no P&L, sobretudo em itens com alta variabilidade de demanda ou baixa densidade de valor.
Já o Friendshoring é indicado quando o risco geopolítico domina a continuidade do abastecimento, como em insumos sujeitos a sanções, rotas sensíveis ou dependência de um único bloco econômico.
A internalização no país de origem ganha força onde proteção de IP, automação e incentivos locais melhoram o TCO, especialmente em etapas de alto valor agregado e baixa intensidade de mão de obra.
Blocos econômicos moldam essas escolhas. Alianças como UE e RCEP influenciam tarifas, regras de origem e previsibilidade,fatores estruturais para friendshoring. Uma configuração recorrente é friendshoring para componentes sensíveis, nearshoring para montagem final e internalização de etapas altamente automatizadas.
Exemplo ilustrativo: uma empresa de eletrônicos migra a montagem para um país próximo (nearshoring), qualifica fornecedores de chips em países aliados (friendshoring) e internaliza a calibração de firmware em sua base nacional para proteger IP.
Como aplicar nearshoring e friendshoring em supply chain?
Veja como aplicar nearshoring e friendshoring em supply chain em 6 passos. Trate o tema como um programa de transformação com fases, governança e métricas. O roteiro abaixo reduz retrabalho, encurta ramp-up e melhora a previsibilidade financeira e operacional.
Mapeie categorias e riscos
Classifique itens por impacto no negócio (críticos, alavancáveis, gargalo, rotina) e por sensibilidade geopolítica.
Levante rotas atuais, lead time porta a porta, custos logísticos, níveis de serviço e exposições cambiais/regulatórias.
Identifique dependências de fornecedor único e pontos de falha na cadeia (transportes, desembaraço, certificações).
Modele TCO e cenários
Compare o TCO atual com cenários de nearshoring e friendshoring, incluindo frete, estoques, impostos, qualidade, ramp-up e compliance.
Simule demanda, buffers e dual sourcing para reduzir risco de ruptura durante a transição.
Selecione destinos e parceiros
Nearshoring: priorize países com infraestrutura, mão de obra qualificada e acordos comerciais que facilitem a origem preferencial.
Friendshoring: cruze o mapa de risco com países/blocos aliados e regras estáveis de comércio.
Faça due diligence e homologação: certificações, compliance ESG, saúde financeira, capacidade de escalar, SLAs e planos de continuidade.
Desenhe a rede e a logística
Defina plantas/3PLs, modais, hubs de consolidação e níveis de estoque por nó.
Planeje processos aduaneiros e janelas de embarque com base em tempos reais de desembaraço e capacidade portuária/rodoviária.
Contrate e governe
Estruture contratos com SLAs e KPIs (OTIF, lead time real, FPY, PPM, custo logístico por unidade, CO2e por entrega) vinculados a bônus/malus.
Inclua cláusulas de resiliência: estoque consignado, dual/multi-sourcing, contingência de transporte e gatilhos de revisão cambial.
Pilote e escale
Comece por 1–2 SKUs representativos por categoria crítica e monitore 8–12 semanas.
Ajuste parâmetros, amplie para famílias de produto e integre resultados nos rituais de S&OP e finanças.
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Benefícios de nearshoring e friendshoring: como medir e capturar?
Para capturar os benefícios de nearshoring e friendshoring, defina linha de base, metas trimestrais e cadência de revisão, conectando KPIs operacionais a margens, capital de giro e receita.
Lead time e serviço: reduções de lead time porta a porta e aumento de OTIF. Nearshoring costuma gerar ganhos iniciais relevantes nessas frentes.
Estoques e capital de giro: giro de estoque e dias de cobertura por nó. Ciclos mais curtos permitem buffers menores com o mesmo nível de serviço.
Custo logístico: custo por unidade entregue e por km, com replanejamento de modais e ocupação de carga nos novos hubs.
Qualidade: FPY e PPM comparando base legada vs. fornecedores próximos/aliados, com planos de correção pactuados.
ESG: CO2e por entrega e por tonelada-km, aproveitando rotas mais curtas.
Risco: índice de risco por categoria (sanções, câmbio, estabilidade regulatória) e variação do risco agregado após a mudança.
Na tradução para finanças: frete e retrabalho impactam margem; estoques afetam capital de giro; menor ruptura acelera receita e market share.
Quer medir o impacto do nearshoring e friendshoring no desempenho dos fornecedores e evitar desperdício de tempo e de recursos? Só conferir o nosso e-book prático e gratuito!
Quais as oportunidades e alertas para América Latina?
A reorientação para as Américas cria uma janela estratégica para compradores e fornecedores regionais.
O artigo Nearshoring in Latin America: Who Could Benefit Most? mostra que países como Brasil, Chile, Uruguai e Costa Rica têm condições crescentes de ganhar participação nesse movimento, graças à governança, à localização e à estabilidade relativa.
Para capturar essas oportunidades, é essencial garantir compliance robusto, SLAs bem definidos e escalabilidade operacional, criando confiança para atrair novos contratos e consolidar presença na cadeia global de valor.
Movimentos de M&A reforçam esse rearranjo. O Valor Econômico aponta que o nearshoring deve aquecer fusões e aquisições na indústria brasileira, criando plataformas integradas e novas opções de dual sourcing. Monitorar consolidações setoriais ajuda a identificar campeões regionais, sinergias de capacidade e oportunidades de integração vertical.
Existem, porém, riscos que podem corroer vantagens. Instabilidade política, burocracia e volatilidade cambial seguem como desafios latino-americanos. Mitigue com contratos em moeda estável, hedges, buffers táticos de estoque e rotas alternativas homologadas.
No friendshoring, é importante acompanhar a dinâmica de blocos como UE e RCEP para antecipar mudanças tarifárias e regras de origem que afetam custo e compliance.
Quais os erros mais comuns e como evitá-los?
Mesmo com vento a favor, armadilhas operacionais podem atrasar ramp-up e diluir o business case. Erros recorrentes decorrem de análises superficiais, homologação incompleta e governança fraca. Abaixo, padrões de desvio e ações para evitá-los.
Subestimar o estudo de mercado: migrar sem análise robusta de demanda, incentivos e concorrência local causa ociosidade e gargalos. Faça due diligence de capacidade e políticas públicas antes do CAPEX.
Qualificação superficial de fornecedores: pular auditorias de processo/compliance resulta em desvios de qualidade. Homologue com provas de produção (amostras, PPAP/AMC) e testes piloto.
Ignorar fricções logísticas: infraestrutura subdimensionada e burocracia aduaneira atrasam a curva de aprendizado. Planeje tempos de desembaraço, janelas portuárias e contratos de slot com 3PLs.
Contratos sem gatilhos de desempenho: SLAs genéricos dificultam correção de rota. Vincule remuneração a KPIs e inclua cláusulas de contingência e saída.
Falta de governança de riscos: sem plano para câmbio, eleições e greves, ganhos evaporam. Estruture um playbook de resposta com cenários, responsáveis e prazos.
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Caso ilustrativo curto: dor, ação, resultado
Uma fabricante com lead time de 75 dias sofria rupturas sazonais e multas por atraso. A empresa realocou a montagem para país vizinho (nearshoring), homologou dois fornecedores de componentes em países aliados (friendshoring) e implementou SLAs de OTIF e CO2e por entrega.
O resultado foi a redução do lead time para ciclos quinzenais, menor estoque de segurança e estabilização do nível de serviço em picos de demanda, com queda mensurável das emissões logísticas.
Checklist de decisão para seu próximo sprint
Use o checklist para priorizar categorias e alinhar finanças, operações e compliance em torno dos mesmos marcos.
Você definiu o que é nearshoring e friendshoring para suas categorias críticas, com objetivos de risco, custo e ESG?
Existe um TCO comparando cenários, incluindo lead time, estoque, qualidade, impostos e compliance?
Há pelo menos um fornecedor “aliado” qualificado em cada categoria de risco alto?
Os contratos preveem SLAs com bônus/malus e gatilhos de resiliência (dual sourcing, contingência logística)?
KPIs de emissões e risco estão integrados ao dashboard da cadeia de suprimentos e aos ritos de S&OP?
Aproximar produção e parceiros estratégicos reduz vulnerabilidades e dá velocidade de resposta ao mercado. Quem combina nearshoring e friendshoring com análise de risco e execução pragmática amplia competitividade sem abrir mão de resiliência e sustentabilidade.
Operacionalize seu checklist com a Linkana!
O próximo passo agora é transformar o plano em processos padronizados de homologação, SLAs e KPIs com visibilidade e governança.
Na demo, você vai:
ver como centralizar due diligence e homologação de fornecedores com compliance ESG, documentos e trilha de aprovação em um só lugar;
descobrir como mapear a base por categoria, país e risco (sanções, câmbio, estabilidade regulatória) para priorizar parceiros aliados e próximos;
aprender a monitorar SLAs e KPIs críticos (OTIF, lead time, FPY, PPM, CO2e) com gatilhos para dual sourcing e revisões contratuais.
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