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2022: Sobre senso de proporção, bem-estar, metas e vieses

Escrito por Leo Cavalcanti

Escrito por Leo Cavalcanti

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22 de dezembro de 2021

22 de dezembro de 2021

22 de dezembro de 2021

Para as pessoas que me conhecem de maneira mais próxima, meus autores, filmes e frases favoritas não são um segredo. Minha inclinação a discorrer sobre lições de contextos históricos que mais me impactaram, ou citações de personalidades que admiro, não é só repetitivo, mas também muitas vezes irritante.

Senso de proporção

Uma dessas repetições irritantes com certeza é quando eu falo sobre o conceito de "senso de proporção". Esse termo me marcou bastante há alguns bons anos enquanto eu maratonava uma sessão de vídeos no Youtube de Milton Friedman, ganhador de um Prêmio Nobel e uma das maiores - se não a maior - referência da minha formação liberal. 

Friedman, em uma de suas palestras na Universidade de Stanford, em 1978, ao responder uma pergunta de um estudante sobre a "responsabilidade do americano rico sobre o pobre", alerta que o americano, de uma maneira geral, deveria ter senso de proporção ao encarar os dados de seu país sobre pobreza, citando o fato, por exemplo, de que o americano pobre à época era bem mais rico que a média de qualquer cidadão soviético, chinês ou indiano. 

https://www.youtube.com/watch?v=Rls8H6MktrA

Milton Friedman - Palestra na Universidade de Stanford (1978)

Antes que me crucifiquem, minha ideia aqui não é opinar e debater sobre a pobreza americana, mas sim de ressaltar a importância dada por Friedman à relativização e ao juízo de ponderação para qualquer de nossas análises. 

Neste sentido, aqui quero dar ênfase especial ao tipo de análise que fazemos do nosso próprio contexto, pessoal e profissional, ao final de cada ano: a famosa retrospectiva.

Mas, antes de falar sobre o irritante Especial Roberto Carlos, vamos falar sobre outra irritante repetição minha relacionada a um outro ganhador do Prêmio Nobel.

Bem-estar e pensando sobre vida

O também economista Daniel Kahneman, em sua obra-prima "Rápido e devagar: duas formas de pensar", discorre sobre o que ele chama de bem-estar, e uma reflexão de como as pessoas pensam sobre a vida

Uma das principais conclusões do autor é de que nós somos bem mais afetados por questões circunstanciais do que objetivas, na hora de avaliarmos o quão bem nos sentimos. Na vida profissional, por exemplo, sua socialização em um dia de trabalho, ou  uma pressão imediata de prazo para uma entrega, impactam muito mais em sua percepção de bem-estar do que questões mais objetivas ou perenes, como salários, benefícios ou cargos.

Parece injusto? Quando ele mais adiante explica sobre como as pessoas pensam sobre a própria vida, a conclusão é ainda mais amarga. Segundo ele, a pontuação que você atribui a qualidade da sua vida em geral é basicamente determinada por uma pequena amostra de lembranças mais recentes e disponíveis na sua cabeça, e pouquíssimo correlacionada com questões objetivas e ponderadas dos longos anos de sua vida. Segundo um estudo citado pelo autor, até encontrar uma moeda de dez centavos pouco antes de responder uma pergunta sobre grau de satisfação com a própria vida, por exemplo, ocasionava em uma melhoria notável na resposta de quem respondia, em comparação com outros respondentes que não tiveram a mesma "sorte".


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Metas

A maneira em que esse bem-estar "sensorial" se equilibra, por mais surpreendente que possa parecer, é com a definição de metas. Para ilustrar essa tese, ele cita um outro estudo que analisou e acompanhou pessoas que traçaram metas educacionais e financeiras para o restante de suas vidas após o ensino superior. O trabalho concluiu que as pessoas com maior percepção de bem-estar não eram as mais ricas ou bem educadas, mas sim as pessoas que tinham traçado e alcançado as metas que elas mesmas estipularam para si.

Assim, o autor se alinha à tese de que a percepção de bem-estar não depende apenas do que as pessoas sentem, mas também do que as pessoas querem.

Vieses

E por que tudo isso é importante numa retrospectiva? Para entender isso, vamos terminar falando sobre vieses. Em um ano tão triste, intenso e atípico como o de 2021, a máxima de Kahneman, "What you see is all there is" ("o que você vê é tudo que há”), se transforma num tormento. 

Em várias passagens de seu livro, o autor traz o bordão acima para explicar o quanto somos impactados por vieses cognitivos em nossas vidas. Devido ao contexto de pandemia e isolamento dos últimos anos, acredito que vários dos mesmos vieses, infelizmente, apareceram em menor e maior grau para todos nós. 

Seja quando esquecemos tudo o que aprendemos, construímos e superamos profissionalmente em 2021, só porque vimos um sucesso alheio maior de pessoas e empresas ao nosso redor, ou até quando a proximidade de um próximo lockdown ou nova variante do COVID-19 eclipsam todas as coisas legais que conseguimos desfrutar e compartilhar, mesmo diante de tanta adversidade.

Take a deep breath from 2021

Por isso, meus amigos e colegas, como diria a saudosa Marília Mendonça: respira fundo. Não deixemos que nosso viés cognitivo negativo vença o nosso senso de proporção em relação à quantidade absurda de realizações que tivemos esse ano, não só quanto aos desafios que superamos no trabalho, mas também por termos enfrentado e sobrevivido mais um ano ainda dominado pela doença, a crise e a morte.

https://www.youtube.com/watch?v=wqtRqLWe8Uo

Marília Mendonça - O Que É Amor Pra Você (2016)

É impressionante a quantidade de surpresas agradáveis que uma reflexão nos traz quando lembramos da pessoa e do profissional que éramos no início do ano. Quando penso na Linkana e em tudo que conseguimos construir nos últimos doze meses, qualquer viés circunstancial do meu cérebro é automaticamente substituído por um sorriso, e muitas vezes  por uma ou duas lágrimas.

Sou grato demais a meus familiares, sócios, colaboradores e amigos que me ajudaram a sobreviver e crescer absurdamente nessa jornada (vocês são incríveis, galera!), e fico muito mais tranquilo em saber que terei também uma nova e melhor versão de todos eles ao meu lado para o próximo ano.

E não esqueçam, tracem sim metas. Não metas impossíveis ou para inglês ver, mas sim metas transformadoras, que busquem melhorar a sua realidade, a das pessoas e do ecossistema que orbita ao seu redor.  Sei que não vamos necessariamente alcançar todas elas, mas elas são um pilar fundamental na percepção de sucesso e felicidade que teremos ao longo de nossas vidas.

Por isso, faço votos de um 2022 livre de viés negativo para todos. Lembrem-se sempre de onde vocês partiram, mas não deixem de decidir onde vocês querem chegar.

Boas festas, pessoal!

Leo Cavalcanti

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